Pressão por ataque militar ao Irã cresce nos Estados Unidos

Resenha EB (17 Ago 10) / Folha de São Paulo - Impulsionado por conservadores, o debate sobre a suposta inevitabilidade de um ataque militar para frear o programa nuclear do Irã voltou a ganhar corpo nos EUA. Analistas contrários à ação divergem sobre se o objetivo é de fato forçar o governo Obama a adotá-la ou apenas obter ganhos para a oposição na eleição legislativa de novembro, mostrando o presidente como fraco em segurança nacional. Mas temem que a reverberação do tema "naturalize" a opção da guerra, transformando-a num fato consumado. A campanha começou logo depois da aprovação da quarta rodada de sanções ao Irã no Conselho de Segurança da ONU e da votação de sanções unilaterais pelo Congresso americano. Obama vendeu-as como uma alternativa à guerra, embora nunca tenha descartado a "opção militar". Em julho, 47 congressistas apresentaram um projeto que apoia o uso, por Israel, de "todos os meios necessários" contra o Irã, "incluindo a força militar". A lei tem pouca possibilidade de ser aprovada, por enquanto. Mas sustenta-se sobre argumento análogo ao exposto há dez dias na revista ultraconservadora "Weekly Standard" e na semana passada na "Atlantic". Um ataque, dizem os artigos, seria para Israel um ato de autodefesa preventiva, já que a possibilidade de o país persa ter a bomba é considerada "ameaça existencial" ao Estado judaico. (...). Mas diz que há 50% de chances de que os israelenses ataquem em 2011, se concluírem que "Obama não vai, em nenhuma circunstância, atacar o Irã". O texto provocou reações. Flynt Leverett, ex-funcionário da CIA que defende a normalização das relações entre EUA e Irã, escreveu que sua implicação é a de que os EUA devem agir antes do aliado, já que seriam afetados pelas consequências do bombardeio e teriam mais chances de sucesso. "Há um clima palpável para a ação militar. O governo diz que uma bomba no Irã é inaceitável, implicando que a contenção não é uma opção", disse à revista "New Yorker" o ex-congressista Lee Hamilton. A dubiedade da Casa Branca contribui para a incerteza. Os EUA ainda se dizem dispostos a dialogar, mas não responderam à oferta do Irã de voltar a negociar a proposta de troca de urânio endossada por Washington em 2009 e que serviu de base ao acordo mediado por Brasil e Turquia...